A CULPA É SUA
Foi ontem, eu conversava com duas amigas, jornalistas. Conversa vai, conversa vem, uma delas suspirou uma frase que me fez pensar em destino. E a conversa pegou fogo, destino é um assunto que me incandesce.
Minha primeira frase foi uma afirmação: “Destino é uma invenção humana”. Deus não seria Deus se nos tivesse imposto um “papel” a ser interpretado na vida e a que não pudéssemos escapar.
Por que razão Deus me teria dado o papel de ser feio, pobre e burro, e ao meu irmão a felicidade de ser bonito, rico e sábio? Deus não faria isso.
Mas o que colocou mesmo fogo na conversa foi uma das colegas ter dito que – depois de muito sofrer num namoro – descobriu que a culpa de o sujeito não prestar não era dele, mas dela.
- Ah, que sábia decisão! Que sábia uma mulher quando ela diz que descobriu que o problema estava com ela e não com ele… Finalmente a luz, finalmente a sabedoria.
É isso, quando temos ao lado um tipo que não presta, a culpa não é desse tipo, dele ou dela. É nossa. Ninguém nos arromba a porta do coração, ninguém. Sem essa de que ele ou ela nos arrebatou, que foi um amor de que não podíamos escapar. Sem essa.
Todos os nossos amores só existiram porque “nós” abrimos a porta do coração para aquela pessoa. Nós a escolhemos e não ela a nós. Sem que disséssemos sim, ela não conseguiria nada. Vale para tudo, para qualquer que seja o nosso caso na vida. Temos cabeça para pensar e decidir e pernas para nos levar para longe… E destino é isso, nos o fazemos. Aconselho a leitora a não mais se queixar. Esse sujeito que lhe infelicita a vida é culpa sua, você o aceitou, não lhe quis ver os defeitos que ele trazia de “fábrica”. Mas é tempo, podes cair fora. Ou você também, leitor…
SUGESTÃO
Um ilustre nome gaúcho está propondo nos jornais uma “loucura”. Será mesmo uma loucura? Ele propõe exames médicos e psicotécnicos para noivos, antes de casar, é claro. Seria formidável. Muitos dos problemas futuros seriam contidos no “berço”…
AMOR
Diante da idéia de exames médicos e psicológicos para noivos, que os poderiam impedir de casar, há quem diga que o amor é o que vale, que o amor cura tudo. Tolice. A cegueira do amor mais destrói que constrói vidas e felicidades…
OAB
Há que se surpreenda com os calamitosos índices de reprovação na prova da Ordem dos Advogados do Brasil. Não estou entre esses. Os cursos de Direito são muito ruins e os caras não estudam, não gostam do Direito, só querem o diploma. Dá nisso.
Lábios e corações
Não tendo o que fazer, liguei a tevê. Liguei nos canais pagos e fui indo, nada que prestasse. De repente, parei num canal que dava um programa de calouros, um programa da Sony Entertainment Television, o American Idol. Achei-o e interessante e fiquei por ali. Valeu a pena. Em dado momento, uma garota foi chamada para cantar, uma caloura. Nem bem começou a cantar e o apresentar levantou a mão, pare, pare, pare! – “Não deu, garota, você não canta bem, pode sair por ali, obrigado!”
A moça não se conteve. Pediu uma nova chance, queria cantar outra música. O apresentador disse-lhe que não, não tinha tempo e que havia uma fila de candidatos esperando pela vez de cantar.
A moça insistiu, quase caiu de joelhos pedindo nova chance. E nesse momento, ela fez uma frase que amoleceu o apresentador. Ela disse que queria uma nova chance e que aí, sim, iria cantar uma música em que ela acreditava…
O apresentador não entendeu muito bem. – Quer dizer que você cantou uma música de que não gostava, foi isso? Foi, disse a moça. – E por que você cantou uma música de que não gostava?
- Ah, eu quis cantar uma canção da moda, uma canção comercial, pensei que ia agradar…
Dito isto,o apresentador deu à moça a nova chance. E ela cantou divinamente, está até agora sendo aplaudida. Sucesso absoluto.
Por que contei essa história? Porque eu a ensinei durante muito tempo aos meus alunos de oratória: nunca fale sobre o que você não conhece e nunca fale sobre o que você não acredita, e muito menos no que não possa ajudar a quem o ouve. Aí está o segredo da oratória impressiva e persuasiva. E aí está a base do sucesso dos grandes e eternos cantores de todos os tempos. Eles sempre cantaram com o coração, nunca com os lábios. Os lábios fazem o eco do que vem do coração, tanto para quem canta como para quem fala em público.
Os “verdadeiros” cantam e falam com o coração, os “comerciantes” falam e cantam com os lábios. A escolha é sua, de cada um… Aliás, vale para tudo na vida, o que não é feito com o coração não passa de um arremedo, seja do que for, seja qual for a intenção…
COITADA
Li na Veja que algumas garotas, mulherões até, vivem vasculhando a vida dos namorados ou de suas ex-namoradas para saber o que estão e andam fazendo… A pesquisa é via internet, claro. A internet é hoje o inferno dos levianos. E a grande ilusão “afetiva” dos ingênuos…
MACONHA
Num programa de tevê bem rasteiro, bah, rasteiríssimo, discutiam a descriminalização da maconha. Até o Sr. FHC participava da discussão. Que queda, heim, presidente? Por que a produção da baixaria não colocou na pauta a discussão sobre o nível de leitura e compreensão de textos de parte do pessoal do “auditório”?
MODERNOS
Falsos modernos da pedagogia pregam azedumes contra a saliva e o giz em sala de aula. Dizem que os jovens de hoje são avessos a isso, que a onda é computacional, virtual… Trouxas. Nada ensina mais e melhor que saliva e giz, saliva é o conhecimento pulsando nos lábios do professor, é o vigor da presença física, é o exemplo humano que fica… E giz é o mais eterno dos produtores de textos, é o conhecimento “grafitado” na parede da lousa. Paspalhos.
REPETIÇÃO
Que beleza quando você descobre amigos que não sabia que eram seus amigos, e fica sabendo dos muitos “amigos” que você não sabia que não eram seus amigos… Beleza! Faz bem à vida.
Vai uma inveja aí?
A conversa rolava na sala, nada de importante, aliás, nessas conversas caseiras, de fato, é raro que alguém erga a voz com algum assunto que valha a pena. Mas de repente, alguém falou que fulano de tal era muito invejoso.
Pronto, foi o que bastou. A conversa pegou fogo, mas pegou fogo pelo lado errado. Uma senhora, religiosa, foi a primeira a dizer que a inveja é pecado, pecado feio, dos brabos. Não me meti, não me valia a pena….
Mas fiquei pensando com meus botões, que eram seis, os da camisa. Será mesmo que a inveja é sempre um pecado? Claro que não, o que faz da inveja um pecado é a inveja ruim, a que deseja o mal do invejado, desejar que o invejado caia da escada…
Quando, todavia, a inveja nos faz pensar que estamos num degrau debaixo e podemos chegar a degraus mais acima, tudo a partir de desejar o que o outro, ele ou ela, tem, aí não há inveja, ou se há é inveja da boa, a inveja que nos leva a voar.
Não sou original no que digo, Machado de Assis costumava dizer que há dois tipos de inveja, a que faz voar e a que faz rastejar. Não é preciso dizer mais ou muito, tudo muito claro.
Olhar para quem tem mais ou trabalhou mais e chegou às bem-aventuranças das realizações, e desejar o mesmo pode até ser chamado de inveja, mas é boa e santa inveja. Quem não inveja, quem não olha para os bons exemplos e deseja ter como eles, segui-los, nunca será nada na vida. As vocações nascem das imitações, que antes foram desejos, ou invejas.
Pecado é não agir, é ficar parado e se queixando da vida, dizer-se sem talento, sem sorte, isso sim, traz um magnífico azar. Já a boa inveja dá-nos força para as lutas e abre caminho para as realizações. Às invejas!
ROUPAS
Há quem pense que numa entrevista de emprego ir vestido de modo “caseiro” é boa dica. É péssima. Quem procura por emprego está oferecendo um “produto” ao mercado empregador. E produtos precisam ser bem cuidados na “embalagem”. Que triste precisar dizer isso para sujeitos metidos, que se acham. Lugar de desmazelados é no Bloco dos Sujos, e parece que o bloco não tem mais vagas…
VERGONHA
Um advogado em São Paulo, imagino que um sujeito desses que se acham, tentou entrar num restaurante de qualidade usando sandálias, sem meias. Foi barrado. O restaurante não admite bermudas, bonés e sandálias. – Que coisa linda! – Ah, mas as minhas sandálias são de couro, caras… E daí? São inadequadas para um restaurante, ouviste bem, “doutor”?
ELES E ELAS
O que mais vejo nos shoppings são mulheres bem arrumadinhas, cuidadas mesmo, e camaradas ao lado delas de bermuda, camisetão, usando chinelos ou tênis sem meias… E elas aceitam. Esses caras são daqueles tipos que quando vão ao banheiro em casa deixam a porta escancarada. Bem feito para elas, bem feito!
Pobrezinha dela
Abro o jornal, página inteira, nela vejo a foto de uma jovem e bela mulher. No texto que explica a matéria – que trata do consumo de calmantes – a tal jovem e bela mulher diz que não passa sem o seu Rivotril… Na bolsa lhe pode faltar de tudo menos o comprimido “mágico”…
Podia ser outro ansiolítico, esse é o da moda, mas fosse o que fosse, o que me incomoda é o porquê. Por que as pessoas, e uma jovem e bela mulher, de modo especial, estão a precisar de comprimidos para se acalmar, por quê? A “moda” não é de hoje, faz tempo que as pessoas vêm buscando soluções bioquímicas para seus problemas emocionais. É claro que nunca vão achar essa solução mágica, nunca. Vão, isso sim, é cair na dependência. Mas eu tenho o meu “telediagnóstico” para essas pessoas, telediagnóstico, você sabe, é diagnóstico feito a distância, esse a distância sem acento grave, claro…
O que anda ocorrendo é que as pessoas estão vivendo vidas vazias, vidas de falsas aparências, de consumismo inconseqüente, namorando ou “amando” pessoas que não valem a pena… E com isso, essas pessoas se inquietam, não sabem exatamente o que lhes acontece, não atinam com a verdade. E a verdade é triste: vidas vazias, vidas que não valem sair da cama pela manhã, depressivas, sem graça.
Quem ama uma idéia, quem tem um projeto de vida, quem luta por uma causa, quem ama o seu trabalho, não se sente só na vida, não se sente deprimida, para baixo. Quem tem vida dentro de si acha vida fora de si. E quem não tem angustia-se. E daí, o próximo passo é a busca do preenchimento dos espaços vazios, da vida vazia, um preenchimento que é buscando no equívoco das drogas, drogas legais, nos casos mais comuns, como o da jovem e bela mulher.
Quem quiser sair da depressão que se apaixone por alguma causa. ? Causa, eu disse, causa… Pobrezinha daquela jovem e bela mulher…
PALAVRAS
Muitos pais gastam boa saliva tentando educar os filhos, boa saliva, isto é, boas palavras. Palavras que não machucam. Perdem tempo. O que educa a criançada não são as palavras “pensadas” dos pais, o que lhes educa são os gestos do cotidiano dos pais. Gestos inadvertidos, espontâneos, e esses estão destruindo os pequenos…
CUIDADO
Quando alguém começa a dizer que já fez o que tinha que fazer na vida, que é hora de descansar, as células da mente, os neurônios, que comandam o corpo, passam a mandar mensagens para esse corpo: “Ei, não é preciso mais dar duro, manter a saúde, vamos descansar”, dizem os neurônios. E o corpo todo começa a “morrer”. É por isso que aposentadorias matam mais cedo, o corpo não tem mais por que lutar…
PASSADO
Olhei para os lados na minha sala de trabalho em casa. Só havia fotos e objetos do passado, a minha sala era um “museu”. E o presente e o futuro que me devem embalar? Não estavam diante dos meus olhos. Botei muita coisa fora e outras tantos… guardei. Tirei-as da frente dos meus olhos. Quero agora o hoje e o amanhã…
VERDADE
Eu tinha amigos que não sabia que eram meus amigos… Eu tinha amigos que não sabia que não eram amigos. Ah, vida, tu és magnífica nas ousadias da tua coragem para puxar máscaras e deixar-nos ver verdades surpreendentes.
Cosméticos e livros
Reencontrei um amigo, um amigo de muitos anos. Aliás, já me disseram que amigos precisam ter idade, tempo, idade de amizade. Toda amizade nova não é ainda amizade, é plantação de amizade… Pois bem, como disse, reencontrei um velho amigo. Foi num shopping o reencontro.
Abraços daqui, abraços dali, perguntas sobre velhos e apreciados gostos, essas coisas… E, claro, não pude deixar de perguntar pela mulher dele, que vou chamar de Maria, para que não seja identificada.
Essa Maria foi miss no clube da cidade desse meu amigo, e também meu clube na adolescência. Faz tempo… Perguntei pela mulher e ouvi o meu amigo dizer que de há muito o casamento deles tinha acabado, um para cada lado, estamos bem, cada um na sua mas não deu, disse ele.
Em resumo, a conversa não passou muito disso, mas ao deixar o meu velho amigo para trás, fiquei pensando: – “Ué, o sujeito casou com uma miss, a guria mais bonita do clube, o suspiro dos garotos da época, e não ficou com ela, separou-se?
Sim, “seo” Prates, onde está a surpresa? Ou você acha que o que dá longevidade ao casamento, ou às amizades, é a beleza? Claro que não. O que une as pessoas, o que as faz apaixonadas pela vida toda é a essência do ser, o caráter, os encantos da personalidade, coisas que não aparecem no corpo físico. O corpo físico atrai, mas não retém…
E vamos combinar, graças a Deus! Não fosse assim só os bonitos e bonitas seriam felizes. O que produz felicidade é o caráter, nada mais, absolutamente nada mais. A beleza de fora se desmancha no tempo, a de dentro cresce, vigora, permanece, encanta.
E aí, mais uma vez, graças a Deus. Quer dizer, todos podemos ser encantadores, bonitos, merecedores de amor. O “cosmético” do caráter é uma possibilidade de todos, mas eu sei, poucos dão a ele o valor que ele tem e merece. Bem feito para quem pensa e age assim, bem feito!
Um conselho? Pois não: – Antes de passar numa loja de cosméticos, melhor é passar numa livraria…
EXPECTATIVAS
Sim, estou começando uma nova jornada aqui no SBT/SC, e aposto que muitos querem que eu diga alguma coisa sobre este novo início na minha vida profissional. Digo sim, digo que estou desafiado pela confiança das pessoas desta casa ao me receber de modo tão gentil. E você sabe que quando a boa expectativa nos é dada ela eleva a nossa responsabilidade. É preciso justificá-la, é o que quero fazer.
FRASES
Sim, vou continuar com as minhas frases, as vivo recolhendo de todos os lugares. Aqui está a mais recente… É de Arquimedes. Diz assim: – “A única alegria do mundo é começar”. Pode ser, pode ser. Mas e recomeçar não será também uma forma especial de felicidade? Garanto que sim. Nunca pare, recomece sempre…
FÉ
Se um dia lhe pedirem um antônimo para a palavra fé, diga cadeira… Fé e cadeira não combinam, já pensaste nisso? E por não pensarem nisso é que muitas pessoas não saem do lugar, ainda que se digam de fé. É que a fé exige ação, quem tem fé não senta, age. E é a ação conjugada à fé que produz milagres.
PSICOLOGIA
Faz tempo que os doutores da mente descobriram que a “laborterapia” era o grande remédio para os abalados do juízo. Essa terapia foi levada para os hospícios, dar trabalho aos pacientes os distraía e fazia-lhe melhor a vida nos internatos de saúde. Aliás, o trabalho é mesmo a grande terapia da vida. Quem trabalha e ama o que faz não adoece, não precisa de calmantes… Basta o sono para o reparo dos desgastes.