ACOSTUMADOS A PERDER
Muito difícil você ouvir uma frase que preste nas entrevistas de futebol, muito difícil. Ou porque os jogadores são quase todos, salvo raras exceções, analfabetos ou porque eles têm medo de falar um pouco mais, sabes como é… Mas dia destes ouvi um treinador dizer uma frase interessante. Se bem me lembro, foi o treinador do ASA, de Alagoas, se bem me lembro.
Ele disse que era preciso sacudir o time, que “os jogadores estavam acostumados a perder”… Não sei se ele se explicou mal ou se quis mesmo dizer o que disse. Gostei da frase e a trouxe para nós, leitora, leitor, para o nosso cotidiano. Muitos de nós também estamos acostumados a perder. E muitos ainda enchem o peito e dizem-se sem sorte, destino, Deus quer assim, e tolices rematadas como essas.
Isso é um modo “acostumado de ser e de viver perdendo”, como muitos jogadores e times no futebol. Quantos de nós vivemos repetindo que não temos sorte, que não temos jeito, que somos isso, somos aquilo, tudo para baixo? Essas pessoas esquecem que nascemos para a luz, para ser, para crescer, para não ter, enfim, limites.
Costumo dizer em minhas palestras, dentro de empresas, que o sujeito tem que entender que quem faz o salário é o próprio funcionário, a empresa oferece tanto, a pessoa aceita… Logo, foi ela quem fez o seu salário… Se a pessoa é competente e aceita ganhar pouco, de quem é a culpa?
Podemos ter uma vida afetiva mais gratificante, depende de cada um; ter uma saúde melhor, ter mais dinheiro no banco, mais estudos na cabeça, ser, enfim, um vencedor e não um “acostumado a perder”… Depende de quem?
Então, compadre, sem essa de estar acostumado a perder, a dar-se por vendido pelo “destino”, sem essa. Vamos para o campo e vamos para vencer!
COLEGAS
O ambiente de trabalho tanto pode ser um jardim quanto um zoológico, costuma ser mais um zoológico que um jardim. As pessoas se revelam nos detalhes ou nem é preciso descer tanto, se revelam aos gritos. Há os chatos, os que vivem fazendo observações desagradáveis sobre nós e sobre todos. É cair fora, estou com um problema, um trabalho atrasado e tiau… Há outros que estão sempre pedindo alguma coisa, e pedem por coisas que deviam ter regularmente em seus armários. Chatíssimos. Precisamos, todavia, ter cuidados, não esquecer que o inferno são os outros mas que nós somos os outros dos outros…
OPORTUNISMO
Como é fácil enganar pessoas “desavisadas”, não as quero chamar de ingênuas ou ignorantes… Veja esta manchete da Folha: – “Dilma multiplica viagens e entrega casas sem água e luz”. Pode isso? Pode o governo que “ama” os pobres vender-lhes casa sem água nem luz? É isso. Mas o “povo” pode fazer justiça, justiça com as próprias mãos. Como? Usando o título eleitoral para dar um passa fora em quem merece…
FALTA DIZER
É “direito” dos lojistas não vender a quem lhes represente perigo. Mas neste país de safados, caloteiros são protegidos pela lei e, não raro, indenizados. Negativo. Se o nome do safado estiver na lista de maus pagadores, se o salário dele for insuficiente para me dar segurança como lojista, nada feito, não vendo mesmo. E o sujeito que vá se coçar numa tuna, os lojistas mandam em seus negócios. E os caloteiros ou “perigosos” que vão criar vergonha na cara. Só o que faltava…
ERA E NÃO É MAIS
Li a história dela e a entendi. A depressão por que ela passa se explica, se entende, tem bases fortes. Mas antes de dizer da tal história, preciso lembrar um velho conselho dos professores de finanças pessoais. Eles dizem que não é bom colocar todos os “ovos” na mesma cesta, todo dinheiro num mesmo banco, todas as nossas crenças num só “santo”. Deixe-ser mais claro.
Vivo dizendo que só o trabalho nos pode realizar na vida, fazer-nos felizes. Como pode ser feliz uma pessoa que não dependa dela para viver? O trabalho é o modo mais imediato de sermos livres, de não precisarmos de ninguém para nos sustentar…
A história que acabei de ler envolve uma mulher que você conhece, leitora, claro que conhece, uma mulher que “foi” muito bonita, sempre cercada de homens, invejada pelas outras mulheres, famosa e coisa e tal… Mas o tempo passa e o tempo é implacável para as mulheres, muito mais que para os homens. E esse tempo é mais implacável ainda para quem repousou o seu sucesso na beleza, nas linhas do corpo.
Pois essa mulher, a da tal história, que vou preservá-la na identidade, está passando por maus bocados, internada em clínica psiquiatra, em depressão da braba. Vivo dizendo em minhas palestras, quando falo de felicidade, estresses e depressão, que não há depressão sem que haja um mecanismo de ordem emocional e deflagrador. Sempre precisará haver esse motivo emocional, psíquico, para que a depressão apareça.
No caso dessa mulher, história contada no site MSN, como ela foi por muito tempo celebrada, festejada e aplaudida pela beleza, é claro que a falta dessa beleza e de toda aquela celebração faz falta, abate. E a partir daí, qualquer frustraçãozinha deprime a pessoa. E é por isso que não devemos colocar todos os ovos na mesma cesta, isto é, colocar a nossa vida num só valor, no caso dela, juventude e beleza. Diversificar os investimentos é medida de segurança, tanto nas finanças quanto na saúde emocional e vital.
PLANO B
Os jogadores de futebol, os mais famosos de modo mais especial, vivem terríveis pesadelos quando param de jogar. Ainda que tenham encerrado a carreira como ricos. A questão é o ostracismo, o anonimato que os envolve a partir de então. Mais ou menos o caso da “moça” citada na história lá em cima. A preparação para deixar de “ser” deve começar muito cedo. Certas carreiras quando encerradas nos “matam”. E até por isso é importante o Plano B na vida, caso contrário, sem Plano B, a pessoa morre sem morrer. Mau negócio.
QUADRINHOS
Não sei se já disse aqui, nas minhas caixas de sapatos com frases há também quadrinhos. Peguei um deles há pouco. Mostrava um guri saindo para a escola, ia fazer provas, esfregava as mãos, olhava para cima e dizia: – “Se Deus quiser vai dar tudo certo”. Vai, claro que vai, se o guri tiver estudado. Sem estudar, o piá pode rezar o que quiser, não vai acertar dizer se a Terra é redonda ou quadrada. “Deus” só ajuda aos que estudam, trabalham e fazem por merecer. Aliás, quem fizer isso nem vai precisar “dele”…
FALTA DIZER
Você já ouviu alguém dizer que está com o carnê, com a conta da livraria atrasada? Você já ouviu alguém dizer que uma livraria foi assaltada? Nunca. Contas na livraria deviam ser uma das nossas preocupações. – Meu, Deus, não paguei a conta da livraria, ó, que triste! Nem nas novelas você vai ouvir isso. E agora me diga, isso não tem a cara do povo?
NOSSAS ROUPAS
Sentei para ler jornais e acidentalmente baixei os olhos, caíram sobre uma das minhas caixas de sapatos cheias de frases. Passou-me uma idéia pela cabeça. Deixei os jornais para depois, pensei um pouco e me ordenei. Fui a uma das caixas de frases e antes de pôr a mão lá dentro e tirar uma frase, fiz comigo mesmo aquele joguinho de crianças: a frase que sair será um sinal, afinal, acredito em sinais. Sabes o que saiu?
Saiu esta sentença, nada nova, mas eterna: – “A maioria das pessoas não têm necessidade de mais roupas. Elas compram não porque precisam, mas porque querem se manter na moda. Esqueça a moda! Compre o que você precisa. Vista suas roupas até que se estraguem pelo uso. Pare de tentar impressionar as pessoas com suas roupas, impressione-as com sua vida”. – Ah, essa última frase vale toda a idéia. Só que tem uma coisa: para impressionar pela vida que tenho – ou levamos – essa vida exigiu tempo, esforços, obstinações e, claro, um foco bem apurado sobre nossos objetivos. Muito difícil isso para a maioria que nem bula de remédios lê… É mais fácil, bem mais fácil impressionar, enganar os incautos, os desavisados, os que julgam as pessoas pelas roupas, pelos carros, pelas viagens tolas, de lazer barato, muito mais fácil é enganá-los com nossa “aparência”.
Bom não esquecer uma verdade que não pode ser negada, é a que nos lembra que damos um passo para trás quando nos defrontamos com uma pessoa competente e que quando abre a boca nos faz revirar os olhos a procura do que dizer… Competência, saberes, boa educação, bons modos “escandalizam” mas é também para bem poucos. Melhor então é dar uma passadinha ali na loja e fazer novas prestações, comprar uma roupa da moda. O que faz a maioria. Psss, falemos baixo!
QUEIXAS
Cuidado com as queixas, elas se tornam vícios de difícil correção. Além disso, poucas são as queixas legítimas. E as legítimas só têm uma saída: enfrentá-las. Se vencíveis, vencê-las; se não, é dar de ombros e entreter-se. Ah, e não esquecer que as pessoas que têm esperanças na vida, no futuro, tendem a ser mais felizes e mais realizadas. Vivem mais. É por isso que a aposentadoria é o caminho mais curto para o embotamento “final”. Encerrado um ciclo de trabalho e sonhos, que venham outros. Ninguém gosta de queixosos por perto. Um saco.
ÉTICOS?
O ato pode ser legal e ao mesmo tempo gravemente imoral. Legalidade e moralidade não dormem necessariamente na mesma cama. Veja estas duas manchetes de jornais: – “Bolsa Família beneficiou 2.168 políticos ilegalmente”. Os safados, espalhados por todo o país, eram vereadores, prefeitos e vices. Canalhas. Agora veja esta outra manchete: – “Com brechas na lei, Lula antecipa tom de campanha”. Não é porque o texto não está claro na lei que o oportunista vai se valer dela para obter vantagens. Mas é a mesma coisa que fazem certos guris em pátio de colégio quando acham uma caneta. Dizem que achado não é roubado, quem perdeu é relaxado… Essa “gente” merece que lhe façamos justiça com as próprias mãos… Com as mãos de eleitores segurando o título eleitoral. Nunca mais! Sumam!
FALTA DIZER
Vi uma garota na televisão que sabia todos os poemas de Vinicius de Morais, sabia-os na ponta da língua. Isso é muito difícil e exige muita repetição e memória. Sim, mas o mais admirável é que a tal garota era cega. E dizer que há tanta guria plena por aí e que não sabe de cabeça a Ave Maria. Que horríveis!
UM SAPATO NA TELA
Depois não querem que eu jogue um sapato na tela da televisão. O programa não tinha sido escolhido por mim, estávamos todos na sala, um parvo resolveu botar num certo e asqueroso programa dominical… Para mim, tudo estava insosso, sem graça ou, se bem pensado, irritante. Mas eu não podia travar o gosto alheio.
Lá pelas tantas, surgiu no tal programa um concurso de cantores infantis, o vencedor ganharia um tablet, uma dessas tolices que hoje andam na mão de qualquer criança “atrasada”. E começou o concurso. Um horror, meninas berrando, fazendo caras e bocas, nada que prestasse. Até que apareceu uma guriazinha um pouco melhor que as outras. Vamos para o final do programa, vamos para os aplausos decisórios. Ganhou de fato a pequerrucha que foi a melhor. Tudo bem, vamos lá, dá para ela o tablet!
Foi aí que a casa caiu. A apresentadora molambenta, revirando os olhos, decidiu que – “Ah, tá bom, um tablet para cada uma e pronto, todas felizes, todas merecem”! Negativo, todas merecem uma ova! A que foi melhor tinha que ter levado só ela o prêmio prometido. É essa bondade fajuta, mentirosa, asquerosa que me irrita. Estão fazendo isso em sala de aula, igualando os desiguais para não machucar, não ferir os sem talentos, os vadios, os que nada merecem.
Não são tão religiosos para não saber que “a cada um segundo suas obras”? Ficou moderno fazer torneios, gincanas em escolas e escolinhas e no final todos ganham a mesma medalha. Sim, mas e o aluno que foi o melhor de todos, como fica? Fica com cara de bobo e vai acabar perdendo o entusiasmo, afinal, ganhando ou perdendo o prêmio é igual para todos, bolas! É preciso que pais, escolas, empresas, programas de tevê, tudo, se orientem pelos critérios de meritocracia das escolas militares, as melhores. Queres saber? As únicas.
HORROR
Imagine um estúpido morando em apartamento. Ele chega às 2 da manhã, pega o liquidificador, uma banana, leite e açúcar, junta tudo, liga a máquina e faz uma vitamina. Sim, mas e o barulho de britadeira que o liquidificador vai fazer? Ah, danem-se os outros!, pensa o estúpido. Pois é exatamente por isso, porque há mais estúpidos que areia na praia, que as empresas fabricantes desses eletrodomésticos vão ter que fabricá-los com silenciador a partir do ano que vem. Finalmente. Esperar pela educação dos tapados é perder tempo, melhor é aperfeiçoar os aparelhos.
TALENTO
Fiquei sabendo pelos jornais de uma Feira de Talentos Infantis, em Florianópolis, onde crianças de 2 e 3 anos vão competir em desenhos. Tudo bem, mas me façam o concurso na hora, que as crianças desenhem ali, na frente dos jurados. Sem essa de trazer o desenho pronto, de casa. Sem essa. Aí é trapaça na certa, como um concurso de que fiquei sabendo em uma escola religiosa de Florianópolis. Nem o Picasso, inspirado, faria desenhos melhores. Pais farsantes. E do exemplo dos pais vão sair os filhos…
FALTA DIZER
Cuidado com essa correria, com essa pressa… Precisamos lembrar que somos neuroticamente ativos em coisas que não têm muita importância a longo prazo. O pior é que, não raro, vamos nos dar conta das tolices que fazemos e achamos importantes quando estivermos numa baita encrenca. Aí não adianta olhar para trás e dizer, ah, como fui burro, burra. Será tarde. Podemos ser muito mais leves e felizes cortando, no mínimo, 30% do que inutilmente fazemos todos os dias. Que tal? Vais para de fazer o quê?
30 DIAS DE FEVEREIRO
Um pai e mãe e um belo exemplo. Mas antes de contar desse exemplo, deixe-me repetir que odeio a pedagogia do amor. Idiotas que dizem que crianças não devem ser traumatizadas, não podem ser cerceadas em seus direitos de criança, não podem ser frustradas nisso e mais aquilo. Na verdade o que essa gentinha da pedagogia do amor quer dizer é que não se deve educar, impor rédeas morais e dar responsabilidades às crianças.
Foi o que fez um casal em Rondônia. Os filhos ganham a mesada, o dinheirinho de crianças, mas devem seguir um roteiro de disciplina. De cada infração nesse roteiro é descontado um percentual na soma final da mesada. Perfeito. É isso mesmo. Mas aí, saltam os idiotas da pedagogia do amor para dizer que desse jeito o pai está ensinando um negócio aos filhos, que está formando trapaceiros. O dinheiro de mesada é de R$ 50. No primeiro mês das regras impostas pelo pai, a menina recebeu R$ 43,00 e o menino R$ 30,50. Andaram fora da linha em alguns quesitos. Acho formidável a idéia desses pais.
As crianças vão crescer sabendo que não existe 0800 na vida, tudo tem um preço, sem essa de ganhar dinheiro, favores, atenções e nada dar em troca a justificar os “ganhos”. Mas quem é que faz isso? Esses pais molengas que andam por aí não fazem; avós, dindas, tudo, bah, nem pensar, esse pessoal só atrapalha a eventual educação dada às crianças pelos pais.
Cumprir obrigações deve fazer parte do roteiro de vida das crianças, obrigações, sim, senhores! Na história dessa família, reclamar para ir à escola dá R$ 1,00 de desconto; brigas entre os irmãos vale R$ 2,00 a menos na mesada. E desobedecer pai e mãe vale uma “sangria” na mesada: R$ 3,00.
Boa, gostei desses pais, é assim que se educa, o direito precisa ser justificado pelos deveres. Muito boa. Pena que isso seja tão raro quanto fevereiro com 30 dias…
TERRÍVEL
Os críticos de teledramaturgia, pessoas especialistas em psicologia de novelas, dizem que os “vilões são os mais queridos” nas histórias. E aí, vem a explicação freudiana que, alias, estou cansado de dizer aqui: – “Os telespectadores de novelas sempre enxergam nos vilões vingativos as características que eles gostariam de botar para fora, mas que não podem…” Quer dizer, os vilões são os próprios telespectadores vendo a novela… O ser humano não presta, é o único bicho sobre a terra que não deu certo. Tudo o mais na Natureza é perfeito. Que baita ser “divino” nos criou, hein…
POBREZINHOS
Tenho uma pena mortal dos pobres cãezinhos de apartamento, pobrezinhos. Todos os dias, vejo na Av. Beira-Mar em Florianópolis empregadas descendo dos prédios levando cãezinhos para passear. Para passear? Muitas ordinárias descem com os cachorrinhos, vão para um banco da praça, fumam, ficam longamente falando ao celular enquanto o bichinho fica amarrado ao pé do banco. A patroa sabe disso? Claro que não. Essas empregadas bandidas têm que receber um solene pontapé. Safadas.
FALTA DIZER
Os detalhes revelam. É por isso que vivo dizendo aos jovens que apurem o olhar e a audição, mas também digo que se o fizerem não vão mais fechar negócios e muito menos casar… As pessoas se revelam por todos os poros. Dia destes, ganhei uma carona. Carrão. Caríssimo. O dono do carro ligou o som e… Saltou uma dupla sertaneja cantando. Pronto, não foi preciso mais: é muito fácil ter um carrão, o difícil e ter uma cabeça de bom gosto. Ponto e ponto final.
ESTÁS COM SEDE?
Peguei o livro O Pequeno Príncipe e observei que a data de edição voltava ao ano de 1986. Não vivíamos àquele tempo a pressa de hoje, uma pressa tão estúpida que mesmo os camaradas que se “alfabetizaram” nas antigas, pesadas e desagradáveis máquinas de escrever têm hoje paciência para esperar por alguns segundos para que o computador funcione… Andamos correndo, correndo para trás, para a loucura, para os remates da insensatez. Mas nos achamos ótimos, é claro. Tão ótimos que os rapazes andam se entupindo de Viagra, e outras tantas almas perdidas entorpecidas por ansiolíticos. Modernidades.
Pois abri o livro famoso e lá pelas tantas achei este velho e imortal diálogo: – Bom dia, disse o principezinho. – Bom dia, respondeu o vendedor. Era um vendedor de pílulas aperfeiçoadas que aplacavam a sede. Toma-se uma por semana e não é mais preciso beber. – Por que vendes isso? – perguntou o principezinho.
- É uma grande economia de tempo, disse o vendedor. Os peritos calcularam. A gente ganha cinquenta e três minutos por semana.
- E que se faz então com os cinquenta e três minutos? – O que a gente quiser, balbuciou o vendedor.
- “Eu, pensou o principezinho, se tivesse cinquenta e três minutos para gastar, iria caminhando passo a passo, mãos no bolso, na direção de uma fonte…
Não é formidável, leitora? E ainda há quem pense que O Pequeno Príncipe é livro para crianças. Nós, os adultos estúpidos, é que estamos precisando de um principezinho sábio por perto de nós. O que mais achamos é gente apressada, estressada, furiosa consigo mesma e com tudo, sem tempo para nada, correndo atrás do vento, como diz o Eclesiastes.
E dizendo dessas coisas, ocorre-me lembrar de uma história budista que li faz tempo. A história que diz que quando nascemos recebemos a nossa porção de comida para a vida atual, quando essa comida acabar, morremos… O que inferiram os sábios? Que quanto menos pressa no comer, mais longa e saudável a vida sobre a terra. Quanto menos pressa para tudo, pois não? Espere, não se vá, vamos conversar um pouco mais…
CENA
Centro de Florianópolis. Um mendigo dormia o sono da “justiça” sobre um banco de praça. Embaixo do banco, enroscava-se e também dormia o cachorro do mendigo, numa fidelidade admirável, divina. Saí dali convencido de que a proverbial longevidade dos mendigos vem dos seus “amigos”; nunca vi um mendigo sem um cãozinho a segui-lo…
ELE
Ele é um dos sempre três mais ricos do mundo, não sai da posição. Falo de Warren Buffet, investidor americano. Pois o velho Buffet, 83 anos, escreveu mais um livro cujo título agora é: – Quando o trabalho é a melhor diversão. Ainda não o li mas não tenho dúvida de que ele tem razão, vivo dizendo isso aos jovens que me ouvem em palestras. Só o trabalho nos pode realizar e fazer felizes na vida, só. O mais é cerejinha no bolo… E mais ainda, essa verdade é mais verdade para as mulheres… As tontas colocam um bermudão antes da carreira. Coitadas. Eles nunca fazem isso.
FALTA DIZER
Ela é jovem, bonita e inteligente. Dia destes, ela me ouviu dizer que tal coisa não iria durar, que eu não tinha esperança de que viesse a durar. Ela me interrompeu para dizer que nada dura, nada. – Nem o casamento? objetei. Nada, enfaticamente ela me respondeu, nada. Puxa vida, que garota forte! Ou seria realista? Fiquei pensando, eu que busco os eternos na vida…
UM CABIDE
Para nós o que vale é a intenção ao dar um presente, não é mesmo, leitora, leitor? Mas para o lojista o que vale é o presente… Claro que pensando bem, nós achamos que o que vale é a intenção quando somos nós a dar o presente; quando, todavia, nos dão um presente achamos ótimo que seja um bom presente…
Não, não estou divagando sem rumo, tenho uma intenção. É que acabei de ler no jornal a velha história de todos os anos, o comércio mandando-nos dizer que é preciso pôr as prestações em dia porque de outro modo nada feito, ninguém vai poder gastar o dinheiro que gasta para comprar os presentes de Natal. E aqui está o ponto. Por que precisamos “empanturrar” os filhos, a mulher, o marido, a mãe, o pai com presentes caros e múltiplos? Por que não fazemos como os americanos, os “inventores” do consumo democrático, que trocam entre si no Natal “presentinhos” meramente simbólicos?
Estou cansado de saber e de ver nos filmes americanos o neto dando ao avô uma caneca com o nome dele, a mulher dando ao marido um par de chinelos para ele fuçar no gramado… E assim entre todos, presentes de pouca monta financeira mas, presumo, cheios de boas intenções e afetividade. Nós por aqui, não, ah, nós temos que mostrar que “amamos” enchendo o carrinho de presentes, presentes que, mais das vezes, nem são apreciados.
Mas é bom que a turma fique atenta, se andou se atrasando nas contas, que agora as ponham em dia, de outro modo a turma em casa vai ficar chupando o dedo, sem presentes.
Agora, cá pra nós, leitora, que somos um pouco cretinos, isso somos! Dizemos que o que importa num presente é a intenção, mas vá alguém nos dar um cabide de presente, como me deram há muitos anos… Um cabide todo enfeitado. Ah, mas a pessoa era pobre! Que me desse só um bom abraço, seria bem melhor. Nunca esqueci. Um cabide…
SERÁ?
A senhora Dilma estava em destaque numa manchete do site MSN. Ela dizia nessa manchete que – Candidato à Presidência precisa “estudar muito”. Exatamente assim, estudar muito estava entre aspas. Será mesmo que para chegar à Presidência o candidato tem que estudar muito? Analfabeto não tem chances? Será mesmo? Será mesmo que nunca houve um analfabeto na Presidência?
FOGO
Mais uma escola em Porto Alegre foi incendiada, destruída. Ouvi uma delegada dizendo que os bandidos deviam estar sob o efeito de drogas ou alcoolizados para não ter consciência do que faziam. Bah, discordo! A droga, seja qual for, não altera a consciência moral da pessoa, reforça condicionamentos, predisposições, isso sim. Quer dizer, o bandido é bandido com ou sem drogas. Drogue um monge budista e o mande assaltar um banco, ele não vai assaltar. Não há droga que o faça subverter sua consciência moral. É por isso que bandido tem que levar ferro. Ou chumbo.
FALTA DIZER
Eu vou e volto nos mesmos assuntos, não vou silenciar o desaforo de safados que sob a aparência de “nada a ver” usam das mulheres para ganhar dinheiro. É o caso das propagandas de iogurtes que dizem facilitar os intestinos presos e que só usam mulheres. Não há homens quando a mensagem é expressa: destrancar os intestinos presos. Safados. A Psicologia sabe que os homens são muitos mais “trancados” que as mulheres. Mas elas não reagem, acreditam na publicidade e até acham graça. Acabam merecendo…
ELAS
Você é mulher? Casada? Pensa em casar? Então é com você mesma. Se não for mulher, como homem você deve também ter interesse no que vem a seguir, afinal, homens podem ser pais de meninas, futuras mulheres adultas, pode ser irmão, avô, enfim… Então, crave bem os olhos nos trechos que vêm a seguir, são excertos de uma entrevista que acabei de ler, entrevista com uma historiadora, professora universitária e escritora multipremiada. Omito o nome da pessoa, tenho minhas razões… Mas concordo com ela da cabeça aos sapatos.
Essa pessoa diz que – A mulher brasileira é vítima de seu próprio machismo… Diz que a mulher na vida pública tem um comportamento liberal, competitivo e aparentemente tolerante. Mas em casa, na vida privada, muitas não gostam que o marido lave a louça; se o filho leva um fora da namorada, a culpa é da menina; e ela própria gosta de ser chamada de tudo o que é comestível, como gostosa e docinho, compra revistas femininas que prometem emagrecimento rápido e formas de conquistar todos os homens do quarteirão…
A escritora não para por aí, diz ainda que – A mulher continua se vendo através do olhar do homem. Ela quer ser essa isca apetitosa e acaba reproduzindo alguns comportamentos das suas avós. Basta olhar algumas revistas femininas hoje. Salvo algumas transformações, a impressão é de que a gente está lendo as revistas da época das nossas avós…
No ponto que vem a seguir, discordo discretamente da escritora e historiadora. Ela diz que Quanto mais informação e mais educação tem a mulher, mais transparente e igualitária é a relação com o marido. Discordo. Ah, e a escritora diz ainda que quanto menos elevada a classe social da mulher, mais machista ela é. Discordo. Não é a classe social que faz a mulher machista, é ser mulherzinha e não Mulher… Ponto. Mas não é ponto final. O assunto não se esgota nestas poucas linhas. Mas fique pensando…
NOMES
Por que as mulheres, em grosseira maioria, concordam em pôr o nome dos maridos nos filhos homens e não batem o pé para colocar o nome dos seus próprios pais? Por que não dão às meninas o nome de suas mães e acrescentam “Júnior”. Ou será que elas são tão tapadas que não sabem que é possível dar o sobrenome “Júnior” para meninas também? E como é que outras coisas elas sabem, e sabem direitinho…? Tenho aversão, para não dizer pior, a mulheres mulherzinhas, sem coragem nem cidadania.
SEGURANÇA
Eu era o único, voz solitária, durante muitos momentos no passado, quando vagabundos começaram a explodir caixas eletrônicas nos bancos, eu pedia aplicação da Lei de Segurança Nacional. Disse isso muitas vezes no rádio, na CBN/Diário e nas colunas. Olhavam-me como se eu fosse um insano. É que muitos tapados vinculam LSN com regime militar, “esquerdinhas” fracassados. Só uma lei dura e incondicional, exemplarmente aplicada, pode conter esses ordinários, arruaceiros e depredadores do patrimônio público. E agora, timidamente, ouço alguns falar na bendita lei… Nada como o tempo, nada.
FALTA DIZER
Um texto no jornal ensinava sobre como lidar com “Adolescentes e quarto bagunçado”. Bah, muito fácil: – Volta e arruma o teu quarto, já, agora! É o que devem dizer os pais. E sem mugidos queixosos… – Arruma tudo, deixa tudo em ordem, bem arrumadinho, entendido? É assim, sem pedagogia do amor. Sem frases dóceis ou arredondadas ou, pior que tudo, dizer que adolescente é assim mesmo. Assim mesmo umas pitangas. – “Volta e deixa tudo em ordem ou tu não sais de casa hoje”… E ponto final. O quarto vai ficar nos trinques.
PARAÍSO E INFERNO
A frase que vem a seguir é barata, já foi pensada e dita por incontáveis cabeças ao longo da história humana. Porém, ela é incontestável e sempre atual. Acabei de reencontrá-la no livro “Kafka para Sobrecarregados”, a frase diz assim: – “Em épocas de paz não se costuma chegar a lugar algum”. Perfeito. Lendo a frase, lembrei-me imediatamente do Japão de antes e de depois da II Guerra, dois países, duas histórias, dois futuros. O Japão de antes um acanhamento, o Japão de pós-guerra um canhão…
E nem preciso ir muito mais longe para lembrar também de uma frase do Olavo Bilac, o nosso poeta parnasiano, que dizia que “Ao brasileiro falta uma boa guerra, e perdê-la”. Bilac com essa frase queria dizer que nós, brasileiros, não sabemos o que é sofrimento, carências, fome, dor, nada… Ao passar por uma guerra e perdê-la as pessoas se encontram, se descobrem, envolvem-se com o que é sério, consistente, duradouro, importante. Antes não.
E quem é que não sabe que o sofrimento educa, faz pensar, faz rever valores e descobrir riquezas que passavam despercebidas diante do nariz. Os grandes poetas do amor só se tornaram poetas quando foram mandados embora pela namorada, quando sofreram. Quem está em lua-de-mel é um embotado da mente, só tem cabeça para…
Os tempos de paz a que se referia Franz Kafka são os tempos em que as coisas nos vão bem ou pelo menos não nos tiram gravemente o sono. Motivação é filha da necessidade, de uma necessidade aflitiva, de carências múltiplas ou da necessidade de maior expressão do amor, como é o caso dos que amam seu trabalho. A paz, para encurtar a conversa, seria legitimamente o inferno na terra, a monotonia máxima, vale dizer então que o paraíso deve ser uma formidável chateação, com tudo ao tempo e à hora certa. Que horror!
ELAS
Já contei aqui de uma pesquisa feita em pátios de colégios em Buenos Ayres com garotas, adolescentes. Perguntadas – o que queres ser quando fores adulta? – a resposta que mais apareceu foi – magra. Pode uma estupidez dessas? Claro que pode. Agora, leio nos jornais que a “Nova onda entre as adolescentes americanas é ter as coxas finas”… Sim, mas como é que elas vão conseguir isso? Não seria melhor que a moda fosse ser mais mulher cidadã, de nariz empinado, sem pensar no “altar” do casamento mas na emancipação pelo trabalho? Coitadinhas, completamente perdidas. E os pais o que dizem? Os pais? Estão tirando uma sesta, lá dentro…
NOVIDADE
Nem todas as moças andam fora da casinha, pelo menos aparentemente. Leio um estudo do IPEA – Instituto de Pesquisa e Estatística Aplicada – que diz que a maioria das jovens mulheres brasileiras não quer ser empregada, quer ser empreendedora, dona do próprio nariz. Bah, estou de pé aplaudindo. Mas duvido, ô, se duvido. Aparece um bermudão piscando o olho e elas já saem atrás, largando tudo, faculdade, trabalho, pai, mãe, tudo. Para essas, é melhor ser uma mulherzinha casada, ou ter um boca-aberta qualquer ao lado, do que solteira e fuxicada pelas outras mulheres. Coitadas. Maioria, leitora, maioria…
FALTA DIZER
Olhe esta: – “Uma empresa americana registrou a patente para um teste que permite a receptores de óvulos e esperma doados tentarem escolher características várias do bebê, como a cor dos olhos etc etc.” Sim, e se mais tarde o bebê não gostar daquela cor de olhos? Aliás, é o que fazem hoje com crianças indefesas, levam-nas às pias batismais, levam os pobres bichinhos para igrejas sem que eles possam se defender. Depois crescem neuróticos como eu cresci…
LÍRIOS DO AGRESTE
Desculpe-me mas não posso ser doce. – Se fores doce, te comem, dizia Machado de Assis. Então já vou direto ao ponto e sem muita maciez. O que quero dizer é que no barro da pobreza que cerca muitas vidas há muitos lírios, e o que mais me incomoda são esses programas de televisão ditos “populares” e que costumam jogar a quem está cercado de “agrestes” mais no agreste ainda…
Dizer que certos “ruídos” são músicas e que essas “músicas” são da melhor apreciação do povo carente, pobre, é mentira de ordinários que não têm coragem de melhorar a qualidade da programação da televisão. É funk para cá, funk para lá e tudo em nome do aludido gosto do povo… Não, o povo não gosta de lixo, o povo gosta é de luxo, como dizia o carnavalesco Joãozinho Trinta.
Abro um jornal de Porto Alegre e dou de cara com um guri, 13 anos, pobre, desses que na rua poucos dão alguma coisa por eles… Pois esse guri estuda e toca sabes o quê? Contrabaixo. Isso mesmo, um instrumento tão estranho para um guri pobre quanto um dinossauro para mim… Será mesmo? O garoto já disse que no futuro quer tocar na Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Visto de longe, não ia faltar quem dissesse que esse guri seria um dos fãs desses “esquentas” da vida. Esquenta o quê? O pé no barro, na miséria dos ruídos dos funks ordinários?
Quando oferecemos bons pratos aos que estão acostumados a comer pratos feitos, “descobrimos” que eles também gostam do que é melhor, a questão é que poucos ousam lhes oferecer esses “pratos”. Música erudita, ou clássica, tem muito mais gente a potencialmente gostar dela do que muitos “sábios” da televisão imaginam. Claro, esses “sábios” julgam a todos por eles mesmos, uns lixos da programação rasteira.
Que canal de televisão vai ter coragem de fazer um Show de Calouros de música elevada e de bom gosto, hein? Que magnífico saber que nas rochas da vida há lírios nascendo, nascendo para tocar contrabaixo, imagine…
CRIANÇAS
Há ordinários que arrecadam dinheiro por todo o Brasil dizendo que visam a ajudar crianças carentes. Você vai ver, o que mais fazem é dar tambores para os meninos, “artes” baratas para as meninas ou ensinar os guris a pôr o pé na cara de outros meninos. Chamam a isso de “educar”, melhorar a vida das crianças. O lhes pode melhorar a vida é Português, Matemática, Física, Química, Biologia e Moral e Cívica, o resto é encenação que visa à “arrecadação”. Ah, que falta fazem os bons fiscais do dinheiro público…
SEGURO
Os malandros do Seguro-Desemprego vão agora ter menos chances de ficar ganhando dinheiro e coçando… Virou indústria e o governo sabe disso, tanto que mudou a regra. Antes, o “trabalhador” que pedisse o Seguro pela terceira vez em um período de 10 anos teria que se matricular e freqüentar um curso de qualificação profissional. Agora, a lei exige que esse curso seja feito já na segunda vez do pedido. Chega de mamata. Sim, porque quem paga o “seguro” é o operário que está na batalha, suando e produzindo com vontade.
FALTA DIZER
Guardei uma charge de jornal, foi pela passagem do Dia das Crianças, e a tinha esquecido. Achei-a agora. O desenho mostra um guri, boné virado, cara de estúpido, procurando no Google o que significa a palavra “brincadeira”. Perfeito. É isso mesmo, os “geniozinhos” que só sabem pensar com os dedos, no celular ou no computador, não sabem mais o que é brincar, brincadeira, ser crianças, enfim. E os pais ainda dizem que os filhos são “inteligentes”, gênios… Coitados!