O cara é batuta!
Fiquei encantado com a coragem dele. E o aplaudi de pé. Sim, porque agora é isso, se alguém exigir algo que seja natural no processo de boa formação profissional de quem quer que seja, ah, esse alguém é corajoso, quando, na verdade, apenas cumpre com o dever.
Cumprir com o dever neste país hipócrita, de falsos crentes religiosos, virou virtude. Ora, cumprir com o dever é dever… Só isso. Mas como disse, o tal sujeito de quem vou falar é um “diferente”, um diferente no mundo dos iguais, para fazer alusão a um título das minhas palestras.
Acabo de ler uma entrevista e fiquei feliz com a coragem e com a proposta do cidadão que a concedeu. Sabes de quem eu falo? Do Roberto Minczuk. Ah, ele não lhe diz nada?
Roberto Minczuk é o “novo” maestro da Orquestra Sinfônica Brasileira. Assumiu em 2005, faz tempo, mas luta até hoje para “impor” qualidade à orquestra, foi aí que ele enfrentou tormentas.
Minczuk chegou à orquestra e fez os músicos saber que lhes exigiria, de tempos em tempos, exames de avaliação de qualidade. Pra quê! Muitos caíram-lhe de críticas, para não dizer de “batutas” sobre a cabeça. Batuta é o bastão dos regentes.
Exames periódicos de qualidade? Não, jamais. O maestro insistiu, bateu pé, e conseguiu que – dias atrás – 36 dos músicos da orquestra fossem demitidos, são 83 no total…
Roberto Minczuk diz que a luta dele é para alcançar na OSB padrão internacional, patamar do qual, não há dúvida, estamos muito distantes.
É isso, hoje quando alguém fala em exames periódicos de avaliação de qualidade profissional cai na linha de fogo. Proponha isso para professores, por exemplo. Você será enforcado. Proponha a médicos, a engenheiros, a todos, proponha! Apanharás. Só aceitam e se envolvem com qualidade os apaixonados pelo que fazem. Mas esses são tão raros quanto dinossauros na missa das oito ali na igreja matriz…
DOAÇÃO
Antecipe=se, deixe algumas galinhas a espera do ladrão. Deixe alguns vidros de café à disposição deles nas gôndolas do supermercado, ninguém mais vai para a cadeia por furtos “leves”. Viva a Pátria, viva a liberdade dos ladrões de “pequena” monta! Só os de pequeno valor? E o pessoal das licitações?
ELAS
Constatação de uma mulher: – “Note que as manchetes de revistas femininas continuam ensinando formas de as mulheres agradarem aos homens…” Verdade. E eles o que fazem? Nada. As trouxas vendem a alma para ter um bermudão por perto. Tontas.
BOMBEIROS
Chegando a hora. Dia 15 serei, orgulhosamente, paraninfo da formatura dos novos soldados bombeiros militares, em Florianópolis. Vou, fardado, até para o banho de mangueira. Festão. TKS, rapazes!
NÓS E OS OUTROS
Uma colega me desabafa a decepção que ela sente com o modo de viver das pessoas de hoje. De hoje? Talvez mais de hoje que de outros tempos.
A colega me dizia que hoje as pessoas só pensam nelas e que isso está provocando depressões e, antes disso, graves infelicidades. Discordei, parece que é assim mas não é bem assim. Explico. Nunca como hoje as pessoas buscaram tantos disfarces para enganar os outros, especialmente sobre os poderes do bolso. Hoje, as pessoas vendem a alma ao diabo para ter, para consumir e, antes de tudo, para que os “outros” pensem que elas vão bem, estão bem. É isso o que está matando as pessoas, é esse fingimento.
Pouco me importa se estou bem ou não comigo mesmo, importa-me o que pensam de mim no trabalho, no clube, no condomínio, por aí. Esforço-me para enganar os outros. Quer dizer, penso mais no que os outros pensam de mim que sobre mim mesmo, quero que pensem que estou melhor do que estou…
Esse tipo de comportamento centrado no que os outros pensam, destrói-nos. Devemos pensar em nós mesmos como pessoas éticas, decentes, o resto é secundário. A nossa decência fará bem aos outros, e pronto.
Os outros são, enfim, o meu inferno, vivo buscando “enganá-los” nas minhas falsas aparências, que pensem bem de mim, que me pensem rico, feliz, sábio, ainda que eu viva, por dentro, na mais plena das misérias. Vivemos nos importando com os outros, o que pensam de nós. Isso nos mata.
Muito melhor é cuidar da nossa qualidade pessoal, da nossa competência profissional, de uma admirável retidão de caráter e, com isso, matar os outros de inveja. Isso sim, isso é viver bem, cuido de mim, do melhor de mim mesmo e assim silencio e provoco invejas nos outros. Ah, que bom!
80 ANOS
Impressionante o “upgrade” da minha carreira desde que cheguei ao SBT/SC. A agenda de palestras nunca esteve tão cheia, e agora recebo com distinção especial convite para fazer palestra na abertura de um congresso de jornalistas que será realizado em setembro no Recife. São os 80 anos da Associação de Imprensa de Pernambuco.
INVERNO
O inverno revela as pessoas de bom gosto, as pessoas que investem nas roupas adequadas. E isso nada tem ver com poder aquisitivo, tem tudo a ver com bom gosto. Só isso. O que mais se vê é gente de “casaquinho”, são os pobres de cabeça…
ELE
O sujeito não devia ter mais de 30 anos, batia queixo debaixo de uma marquise, tentando dormir sobre papelões. Fui adiante pensando, há quem garanta que ele escolheu esse “destino”, ao torcer o bico para o trabalho.